"Social movements are sustained by all types of people, from creative and practical people and those willing to stand on the front lines, and those who work tirelessly behind the scenes to get things done. Get involved in the fashion movement in a way that fits your strengths and passions. What type of fashion activist are you?" -- Elizabeth L. Cline

A Fast Fashion é um desastre social e ambiental ao longo de todo o ciclo de vida dos produtos, desde a produção das fibras têxteis aos descarte final das peças no pós-consumo. Envolve um consumo brutal de água, o uso de químicos extremamente poluentes, o empobrecimento dos solos, a sobreexploração de recursos humanos, etc., etc.

Para cúmulo, depois deste processo nefasto e tortuoso, grande parte da roupa comprada transforma-se em lixo a uma velocidade e numa quantidade verdadeiramente alarmantes! Este descalabro, no final do ciclo de produção, origina novamente um consumo absurdo de recursos com toneladas de roupa a serem trucidadas sem justificação,  a sobrecarregarem os aterros ou a acabarem a poluir as áreas naturais de países em desenvolvimento.

Precisamos de mudar a nossa relação com a roupa. De comprar em segunda mão. Quando compramos novo, precisamos de comprar menos e de melhor qualidade. É fundamental usarmos a roupa mais tempo. O restauro, o remendo e a transformação têxtil precisam de voltar em força aos nossos hábitos e às nossas competências, seja fazendo nós próprios, seja valorizando essa prestação de serviços.

E não, a reciclagem não resolve o problema. Umas calças de ganga rotas por exemplo, ainda podem ser remendadas com muito estilo ou transformadas em vários projetos muito úteis e nobres, com pouquíssimo investimento de recursos. Muito menos do que a energia envolvida em trucidá-las para se transformarem em despedício para as oficinas.

Temos muito a ganhar com isso. Na sustentabilidade. Na economia circular. No consumo consciente.

Aprendi a restaurar e reutilizar têxteis com a minha Mãe. Começou logo na infância com os maravilhosos vestidos que ela confecionava para mim, reutilizando e transformando peças de roupa diversas. E também com o seus ensinamentos. Não me ensinou só costura  e outros lavores. Ensinou-me também uma forma muito particular de pensar e de criar. Ensinou-me a valorizar os recursos e a reconhecer-lhes o potencial. Ensinou-me a descobrir as inúmeras possibilidades criativas encerradas em cada pedacinho têxtil. Ensinou-me a coragem de pôr mãos à obra, de experimentar, de falhar, de aprender até conseguir dar a obra feita.

Naquela altura não o sabia, mas com o tempo vim a descobrir que me deu também uma fonte de bem-estar, uma forma de meditação extremamente relaxante e regeneradora.

É este contexto que nos motiva a partilhar projetos, aprendizagens e recursos para Trapologia. Porque é uma competência transversal fundamental para a Sustentabilidade, tão importante como cultivar alimento, cozinhar ou andar de bicicleta.